É um dos sistemas construtivos mais antigos do mundo. Seu uso remonta milhares de anos atrás, quando se empilhava pedras no sentido de se construir pirâmides e templos, além de paredes para a proteção contra animais e intempéries. Com o surgimento de ferramentas, rudimentares que fossem, passou-se a talhar, a desbastar as pedras no sentido de que seu encaixe agora proporcionasse paredes melhores, estruturalmente falando.
Como exemplo de construções não estruturadas, autoportantes de pedras talhadas há mais de 4.000 anos, temos as pirâmides do antigo Egito. (Fig. 1)
Figura 1
Outro exemplo é o Parthenon, na Grécia, construído há mais de 2.000 anos. (Fig. 2)
Figura 2
E as Muralhas da China, há 5 séculos. (Fig. 3)
Figura 3
A Alvenaria Estrutural, como a conhecemos hoje, teve seu início no final do século XIX, porém, dado à falta de conhecimento técnico, superdimensionava-se as estruturas, sendo que somente após 1950 surgiram nos EUA e na Europa as primeiras Normas e Ensaios regulamentando seu uso, o que disseminou esse sistema construtivo em todo o mundo.
No Brasil, introduzida nos anos 1960, teve grande aceitação inicial, mas dado às patologias observadas, caiu em desuso e só reapareceu com força nos anos 1980 voltada quase exclusivamente a grandes conjuntos habitacionais, sendo, hoje, utilizada até em edifícios com mais de 20 pavimentos e o estigma de que trata-se de um sistema usado apenas em obras de baixo padrão diminuiu bastante.
Os blocos podem ser de concreto ou cerâmicos, dependendo da disponibilidade regional e podem ser armados ou não. Como principais vantagens, destaca-se:
- maior rapidez na execução da obra;
- menor consumo de madeira, concreto e aço;
- obra mais limpa e com menos desperdícios de materiais.
Como desvantagens, observa-se:
- arquitetura rígida, sem possibilidade de alterar as paredes estruturais;
- necessita de controle rigoroso dos blocos, da argamassa de assentamento, do graute e da mão de obra especializada utilizada;
- mais adequada apenas a arquiteturas mais simples, moduladas às dimensões dos blocos e com pequenos vãos livres.
Em resumo, o empreendimento ideal para esse sistema construtivo é composto de vários blocos residenciais, de 3 a 7 pavimentos e com apartamentos desde o térreo, sem, portanto, laje de transição (Fig. 4), num local onde o solo permita a construção sobre radier (Fig. 5, com radier protendido) e onde haja uma grua para transporte vertical dos materiais bem como para facilitar a industrialização das lajes. Fora disso, há que se estudar com muito critério as vantagens e desvantagens da adoção desse sistema construtivo.
Figura 4
Figura 5
O projeto arquitetônico preferencialmente já deve ser concebido para que o empreendimento seja executado em alvenaria estrutural, evitando-se, assim, o uso de muitas pastilhas (peças estruturais com tamanhos variados) e concretagens de complemento. Ver figuras 6 e 7 com o perfeito aproveitamento das dimensões nas Fiadas 1 e 2 e uma elevação genérica de parede.
Figura 6
Figura 7
Quanto à industrialização das lajes, desejável para evitar suas formas, na figura 8 pode-se ver um exemplo de laje composta por painéis treliçados:
Figura 8
Alguns de conjuntos habitacionais executados em alvenaria estrutural nas próximas duas figuras, sendo a Fig. 9 em Bragança Paulista e a Fig. 10 em Campinas.
Figura 9
Figura 10
Sobre o autor
Geovani Cavalheiro, Engenheiro Civil formado em 1981 pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas; atua, desde a formatura, em cálculo estrutural. Especialista em cálculo de estruturas prediais (convencional ou alvenaria estrutural com qualquer tipo de laje), de muros de arrimo, na área férrea (Rumo, ALL, MRS) e de saneamento (cálculo estrutural de Estações de Tratamento de Água ETA, de Tratamento de Esgoto ETE, de Elevatórias de Esgoto EEE e de Água EEAB e EEAT e de Reservatórios de qualquer dimensão, enterrado, apoiado ou elevado). Fez especialização em Marketing na Fundação Getúlio Vargas e mestrando em Engenharia na Unesp. É atualmente diretor técnico da GCE Engenharia e membro da diretoria da Associação dos Arquitetos, Engenheiros, Agrônomos e Agrimensores da Região de Amparo (AERA Amparo). gceengenharia@gmail.com